
Ricardo França de Gusmão
17/12/2003
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Ricardo desapareceu!
Se perdeu no dia ou no breu?
Não se sabe.
Oh, não! Aonde se perdeu Ricardo?
No fundo amarrotado do passado
será?
.
Tal ser humano, aonde estará?
Nas estrelas, no lume
não se encontra.
Na letra, no verso
está ausente.
.
A falta de Ricardo
desponta frequente,
mil poemas carecem
de sua assinatura,
sem ele a poesia
vaga triste pela rua.
.
Ricardo! Ricardo!
.
Lembro da tua imagem no passado.
Passado de sonho adolescente
e andarilho.
Ricardo desapareceu
ou foi seu brilho?
.
Ricardo / lágrima / poça / nada?
.
Evaporou em triste estrada,
estaca — homem frio?
Ricardo: calafrio?
Na escada: assovio?
Ricardo partiu no navio
e naufragou no mar—tírio?
Ou o drama dessa trama
foi um tiro?
Terá sido suicídio — isolamento?
Terá sumido ou terá sido digerido
pelo seu apartamento?
.
Onde estará
R ? i ? c ? a ? r ? d ? o ?
???????
Que tema tratou seu último poema?
Disse adeus derradeiro verso?
Foi sequestrado por algum desonesto?
Amor diabólico o levou à loucura?
Pensa que é tampinha de rosca
tal criatura?
.
Virou repórter policial
na atual conjectura?
Ricardo perdeu a fé?
Esperança morreu primeiro?
Que o encontrem nem que seja pela
met—ate,
melhor uma parte
do que nenhum.
.
Procurem-no no céu azul,
de norte a sul,
no randevu!
.
Achem-no de qualquer maneira
nem que seja na beira
do fim,
boiando num copo
de pinga
com roxa língua
num botequim!
.
Mas antes que a falta
se estabeleça
e a poesia
desapareça
letra por letra
da humanidade.
Achem o poeta
antes que seja tarde!
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