DESCOMPRESSÃO

Ricardo França de Gusmão

22.5.22

A poesia é descompressora.

Mas se você recitá-la em rapidez

Sem protocolo de brevidamente

A poesia perde a porosidade necessária

À semente

Capaz de engravidar as rochas.

.

Daí a necessidade da delicadeza

De cavalga-la em galopes de flutuação

Sem a paciência da poesia a poesia

Não existe não

E uma absorção desverborizada

A deixa muda, engasgada de fala

.

A poesia ofertada deve ser muito honrada

Pois tal poema embrulhado fora

Com a tez da poesia amada

E o silêncio dela por ele ou por ela

É uma cova rasa

.

A poesia ofertada deve ser falada,

Aos quatro ventos ovacionada

Para que o mundo inteiro saiba

Que o poeta ama

.

A poesia presenteada foi tão

Intensamente planejada

Que a voz que exala dela

É vascular nas artérias

Do poeta em sua arquitetura

.

Por isso, amor, deixa a porta

Da voz sonoridade poética aberta

Pois se não ouvida

Não pode ser totalmente

Absorvida

E nesse limbo ela sufoca

.

E é tão lindo demais quando

A poesia explode

No coração trabalhador do poeta

Que até a poesia mais secreta

Liberta

O segredo de querer que dela

Escapa.