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DESOBEDIÊNCIA

  • Foto do escritor: Admin
    Admin
  • 25 de mai. de 2022
  • 1 min de leitura

Ricardo França de Gusmão

23.5.2022



Desobedeça. Siga o lado inverso

Para o qual a placa aponta.

De forma alguma siga as placas.

As invisíveis e as opacas.

Não permita que as placas o governem

Então exerça a ancestralidade do seu DNA

Sobre as placas mandonas.

Mesmo que elas mudem de ideia

E de direção

De acordo com o interesse

Dos donos das placas,

Inverta-as, confunde-as,

Fique em pé, ao lado delas,

A apontar com um dos braços

O outro lado, o lado inverso,

A oportunidade de escolha

Para aqueles que vierem

pela mesma estrada.

Ridicularize as placas.

.

Documentos muito menos.

Nunca assine documentos.

De papel e, principalmente, digitais.

Documentos carregam ogivas

Nucleares pessoais.

Letras invisíveis que aparecem

Logo mais,

Casamentos teatrais de William Shakespeare

Planos de saúde, Planos funerais,

Planos espirituais

Contratos financeiros vampiros de dinheiro

Confissões de criminosas inocências

Confisco da ciência em capsulas de loucura

Documentos carregam a certeza

De serem incontestáveis

A arrogância dos documentos

São túneis intestinais

Não, não, não, rapaz!

Nunca assine documentos, jamais!

.

Leis, Decretos, Medidas Provisórias

Que sangrem nas urnas funerárias

Dos Diários Oficiais!

Exerça a Desobediência Civil

Pare o carro sempre que houver uma pessoa

Na frente

E não porque determina o maldito vermelho sinal

Ouça Raul e dê pipoca aos macacos

Porém sempre entediado, entediado, entediado

Respeite, porém, e respeite sempre

Os hospitais e os cemitérios,

As maternidades, os nossos velhos,

A gestante, o pai de família,

Respeite a raça, o gênero,

A origem social,

O status menor.

.

Mas se um dia fizer parte

De uma competição de canoagem

Entre equipes

Reme sempre ao contrário

Para que seus pares tenham a necessidade

De remar com mais intensidade, mais forte,

E mesmo que a vitória ao final

Não seja também sua

O contrafluxo do seu remo

Impulsionou a genética papel em branco

Da evolução da raça

De todos os navegantes que fazem parte

Desse mesmo barco, tua corrente sanguínea. Rumo à experiência

De uma perfeição para sempre

Inexistente.

 
 
 

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