
Ricardo França de Gusmão
14.11.2022
.
Permeado de simbólicos símbolos simbolismos
Fígados gritantes salivas flamejantes sou hexágono
Cerebral paradoxo pensamentos tóxicos e tosses
Ao entardecer entre luzes e sombras paredes
Atravesso ao avesso desconexo me desconverso
.
Em ladrilhos brilho o meu brilho fosco assombro
Tombo em chinelos de ar e me exerço pássaro
E nesse voar enxergo revoadas águas em céus
Ministério da Política da Imaginação e do espanto
E pouso no balançar da rede da Amazônia
.
E respiro. Respiro. Respiro. Respiro. Respiro.
Suspiro.
Seres empíricos emergem e submergem-me
O meu poema tem fome e dou-lhe alimento
Engravido a poesia nesse tenro momento
.
Observo a natureza cego choro não a vejo
Mas a imagino, não necessito dos olhos
Tenho o tatear da visão nascente lágrimas
E consigo ver além do através do ar o espetacular
Escondido entre os muros da cegueira
.
Logo chega o meu desaparecimento
Qualquer coisa anti-carne, anti-cimento
E as balas das metralhadoras me atravessam
Mas não me atingem, sou anti-elas, sou imune
Tenho os superpoderes do poeta: perfume
.
Então pego a noite do céu e forro minha cama
A latência do dormir em sequência de estrelas
Rimam os meus sonhos e mais uma vez enxergo
A vastidão das reportagens que escrevi as quais nego
Por mais ter visto tudo o que vi e vivi eu fui cego.
Comentários