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COMO PAPAI NOEL FOI PARAR NA MANJEDOURA

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    Admin
  • 24 de dez. de 2022
  • 3 min de leitura

Atualizado: 25 de dez. de 2022

COMO PAPAI NOEL FOI PARAR NA MANJEDOURA

***PRIMEIRA CAMPANHA DE MARKETING DA HUMANIDADE

Ricardo França de Gusmão

24 de dezembro de 2022


Essa novelinha começa séculos depois de séculos após os romanos terem criado o dia do Deus Sol — natalis invicti solis — em homenagem ao solstício de inverno, associado a fartura. Outra lenda conta que a mesma teria origem no Yule ou Jól, festejos pagãos nórdicos da Era Viking. Na mesma linha encontra-se Mitra, Deus da mitologia grega (sempre eles!).

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Quando, então, séculos filhotes mais tarde, o Papa Julius elegeu o dia 25 de dezembro, no século IV, que ainda perdura, na Era moderna, para marcar o nascimento de um garoto revolucionário, logo muito polêmico e famoso, chamado Jesus Cristo de Nazaré, que, por nós, morrera na cruz romana. . Muito tempo depois, do que imaginamos ser o depois do depois do natalício, do Filho de Deus, nosso principal princípio, novamente a narrativa ganhou cobertura aclimatada de fake-neve e renas aereolíneas patrocinadas. Quando, anos e anos mais adiante, pós a revolução industrial, surgiu uma nova cepa da espécie humana classificada de ‘publicitáryum’, no lado ocidental do Planeta Marketing. . Na Disneylândia (departamento de vendas) dessa gente, vade mecum ajudinha prendada de Gutemberg, um pequeno grupo ruminou um ‘click’ criativo e desenhou o contorno da maior campanha da história da humanipublicidade: retiraram o ‘menino Jesus’ (lembra do Papa Julius?) da manjedoura presepial, e colocaram nela um velhinho de barba branca. Com uma sineta na mão e um “Oh! Oh! Oh!” de bordão da boca para fora. . No lugar da manjedoura, no paradoxo histórico de todo esse contexto híbrido, o doce ‘velhinho’ adentrou, no século passado, não por acaso, em um espaço físico de um made in shopping center. Para santificar o ‘Senhor das Vendas’ e do Comércio, era preciso santificar o barbudo. Dar-lhe um nome. Um apelido. Uma identidade. Uma história. A jornada do herói. Era o início do marketing de conteúdo. . Surgia, assim, segundo documentos históricos encontrados na biblioteca do extinto filósofo Olavo de Carvalho, o primeiro brainstorming (tempestade de ideias) de que os cursos de Publicidade e Propaganda das universidades têm notícia: Não. “Barbudo ao léu”. Não. “Papai do Céu?” Hum... Não.“Papai Noel?!” Hum...! . Estatísticas revelavam, desde então, a hegemonia cristã entre as famílias das classes média e alta da sociedade ocidental. E o termo “Papai” tinha uma agradável performance paternalista e emocional que abraçava causas nobres como a nobreza da pobreza em submissão às castas sociais. Não é necessário dizer que a ideia partiu de um estagiário turco da extrema esquerda-direita brasileira. . O estudante que fez a brilhante associação, era descendente de uma família da Turquia, país localizado na Ásia Menor, onde viveu São Nicolau de Mira, também chamado de Nicolau Taumaturgo, bispo cristão e generoso que viveu entre os séculos III d.C. e IV d.C., lá na esquina das coincidências. Com os promotores de vendas das indústrias e lojas de departamentos batendo à porta da agência, já era hora de anunciar para a gastança social um novo modelo de amar ao próximo. . Persona montado. Afinal, após tanto tempo de nascido, era mais do que justificável de que o menino da manjedoura ficasse velhinho, e retribuísse os presentes que ganhou dos Reis Magos ao nascer, sob o lema: “Presenteiem-se uns aos outros!”. A era do consumo em massa das massas estava consagrada. . Logo, o idoso usurpador ganhou a vestimenta que conhecemos. O cartunista alemão Thomas Nast avermelhou a roupa e ‘Papai Noel’ ganhou fama de vez ao aparecer com as bochechas rosadas, elfos mágicos e renas aladas carregando-o em um trenó, na revista Harper's Weekly, em 1886. . E, injustiça feita, ao contrário do menino Jesus, Papai Noel não fez milagres, não fora julgado culpado pelos ‘homens de bem’, nem pereceu na cruz. Apesar de nunca ter conquistado a aposentadoria, ganha muito bem com os proventos que obtém com anúncios de TV, campanhas publicitárias, promoção de marcas, aparições em eventos, festas de aniversários natalinas, aplicação na bolsa de valores. Porcentagem em jingles de Natal. . O estagiário herdou um grande inventário de marcas e patentes e hoje possui um conglomerado de fábrica de brinquedos, além de administrar a imagem pública do Papai Noel. Sempre o livrando de escândalos financeiros de desvios de dinheiro público. Lá nos Estados Unidos, Papai Noel tem a aura de Santa Claus. E, na Finlândia, onde possui a sua casa de inverno, o chamam de Oulupukki. No Brasil, no entanto, está devendo um quinhão de presentes, carinho e solidariedade às crianças que mais necessitam dessa acreditança. . E, talvez por conta disso, na maioria das vezes, aparece em forma de “amigo oculto” nas festinhas de fim de ano das empresas que faturam com a sua credibilidade cristã. Em especial uma fábrica de refrigerantes. . E você? Se comportou bem este ano?


 
 
 

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