
Ricardo França de Gusmão
21.10.2022
.
Eram venezuelanas mas poderiam ser
Chinesas, holandesas, paquistanesas,
Russas, americanas, garotas de Ipanema,
Italianas, mas eram venezuelanas
Bonitinhas, adolescentes, disponíveis,
Arrumadinhas, poderiam ser francesas,
Africanas, cubanas, anglicanas,
.
Mas eram venezuelanas, todas iguaiszinhas,
Cabelos penteados de venezuelanas,
Maquiagem no rosto para o trabalho
Para fazer o que? Naquela hora da manhã?
Ora, para o trabalho. Pois eram venezuelanas
E venezuelanas adolescentes trabalham
Bonitinhas
.
E Ele desceu da moto e tirou o capacete
Imbrochavelmente maravilhosamente,
Irresistivelmente Ele, ali, aí, pintou um clima
Venezuelado a fim de venuzuelar em sintonia
Entre Ele e aquelas crianças, até que Ele
Entrou na casa e viu outras meninas
Venezuelanas, que se vestiam bonitinhas
Como meninas venezuelanas se vestem
.
Ora, mas para quê? Para trabalhar como
Adolescentes venezuelanas, e Ele, presidente,
Relatou assim os fatos sem revelar
Se, afinal, vezenuelou, carnal
Se o clima que pintou fora consumado
Ou se Ele imbrochou defumado
Se no minuto H caiu um raio
Em seu ato agora descapacetado
.
O representante máximo do Brasil
E as venezuelanas carnes humanas
Sexualizadas pedofilizadas
Em nossa Pátria Mãe Gentil
Perfil vil do nosso Presidente
Bestializando o meu Brasil
Fica o lembrete
Os filhos teus que não fogem da luta
Viram o teu rosto hostil
Sem o capacete.
.
Sim, eram venezuelanas mas poderiam
Ser suas filhas, netas, irmãs
Eram venezuelanas, mas o cara
Do capacete era o teu presidente
Eram venezuelanas
Todas no coração do Brasil
Inocentes venezuelanas
Como a pedir socorro pra gente,
“Somos crianças, crianças, crianças...”,
Com o brilho das estrelas cadentes.
Comments