
Ricardo França de Gusmão
20.10.2022
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O meu rosto não é o mesmo rosto do que o meu rosto meu velho
Rosto após o meu novo rosto em sequência do meu próximo rosto
Recém nascido rosto, meu jovem rosto, e depois meu rosto severo
Que olha com desgosto, penar e lamento aquilo que observo
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A fotografia registrou essa anomalia de eu ser quem eu não queria
Sempre o rosto seguinte, ao rosto seguinte, ao rosto seguinte...
Como se meu rosto fosse eterecétera, imaginação, falsificação
O meu rosto em mutação dos meus ex-rostos de quem sou
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O meu rosto outro sim, ou o que dele restou em mim é assim
Rosto bom rosto ruim a depender de quem o observa entende?
Pode ser inescrupulosamente masculino ou feminino mas isso
É indiferente, o meu rosto pode ser ex-brasileiro ou cearense
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O que o meu rosto carrega e transmite é a sinceridade que existe
Entre a sociedade correspondente a suas classes separatistas
O meu rosto contorna os músculos para a classe média sulistas
Cujos rostos são derretidos carrapatos do Brasil escondidos
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O meu rosto sem mordaça ou touca pode ter certeza é assim
Ele muda com malvadez e avança pela própria natureza
Rumo ao rosto final de mim, afinal todos os rostos são assim
Crianças, adolescentes, adultos e, por fim, caracturezas.
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